quarta-feira, 1 de abril de 2015

MONTE NEGRO - LUGAR INESQUECÍVEL

KOTOR, À BEIRA DOS FIORDES MONTENEGRINOS



Montenegro foi um belo encontro com o acaso. Um daqueles países que eu realmente nem sonhava em conhecer. Mas, adorei ter conhecido! Pequenino. Montanhoso. Bem preservado, em sua veia medieval. À beira do mar Adriático. Repleto de belezas naturais. Parte da antiga Iugoslávia. Com apenas 8 anos de vida (independente da Sérvia em 2006). Uma nação de paz! Sem tantas guerras como os outros países dos Balcãs. Vizinho da Croácia. E, surpreendentemente lindo. 

Foi perfeita a indicação do concierge do hotel em que estava hospedada em Dubrovnik, na Croácia, para que eu me aventurasse numa day trip às cidades de Kotor, Budva e Sveti Stefan. A palavrinha mágica que aguçou minha curiosidade foi "fiorde". Afinal, paisagens idílicas me atraem. E, fiordes estão dentro do que considero uma benção da mãe natureza. Assim que o funcionário do hotel começou a descrever os fiordes de Montenegro, meus olhos brilharam e corri para a internet. As imagens me convenceram na hora. Então, estava decidido. No dia seguinte o destino seria: Montenegro.

                    Fiorde de Montenegro, ao fundo a cidade de Perast.

A VIZINHANÇA DE MONTENEGRO

Essa pequena república situada nos Balcãs faz fronteira com Albânia, Kosovo, Bósnia Herzegovina, Sérvia e Croácia. Sua capital é Podgorica - que também estava nos meus planos, mas o tempo foi curto. Em apenas um dia não deu para ver tudo que eu gostaria, apesar do país ter território equivalente a um terço do estado do Rio de Janeiro (um dos menores do Brasil). Não consegui conhecer dessa vez. Fica para a próxima. Afinal, adoro deixar alguma coisa para pensar na próxima. E ainda faltam os outros países dos Balcãs: Albânia, Bulgária, Romênia e Moldávia.

                                                                                Mapa dos Balcãs.



                                                                       Mapa de Montenegro.


DA CROÁCIA À MONTENEGRO

De Dubrovnik até a fronteira de entrada de Montenegro são apenas 45 quilômetros. Bem perto. A estrada de Dubrovnik até lá é ótima. Com uma carro alugado na Croácia (por intermédio do hotel), em menos de uma hora eu estava em Montenegro. A aduana é tranquila. Muitos turistas optam por fazer essa viagem de ônibus, em grupo. Como sou avessa à excursões e programas com muita gente, fiz a escolha que melhor se adapta ao meu estilo. Escolha acertada. A independência que se tem é enorme, o país é seguro, pequeno e tem estradas bem sinalizadas.

Da fronteira de Montenegro até a cidade de Kotor são mais ou menos 45 quilômetros com um belo trajeto pelos fiordes, com direito a uma parada na cidadela de Perast. De Kotor até Budva 25 quilômetros. E, de Budva até a ilhota imperdível de Sv. Stefan, onde está o belíssimo hotel Aman, mais uns 20 quilômetros. Tudo muito perto. Mas, cada parada absorve um bom tempo. Pois, as cidades são encantadoras e cheias de história.

O trajeto total de Dubrovnik até Sv. Stefan, de 135 quilômetros, pode ser feito em pouco menos de duas horas e meia. Há muitas curvas no trajeto e grande movimento. Mas, se quiser encurtar uns 20 quilômetros de trajeto basta tomar uma balsa para atravessar os fiordes. Optei por contornar os fiordes na ida e parar em Perast e retornar de balsa.


                                                                    Fiordes de Montenegro.

PELOS FIORDES

Baía de Kotor foi tombada pela Unesco como patrimônio natural, histórico e cultural. Belíssima! Minha sensação era de descoberta e total encantamento. Ali, o vale de um antigo rio foi inundado pelas águas do mar e uma espécie de fiorde se formou. Os fiordes clássicos costumam ser de origem glacial como os da Nova Zelândia, Canadá, Alasca, Dinamarca ou os da Noruega. Mas, tanto em Montenegro como em  Paraty - Saco de Mamanguá (Brasil), a formação é muito semelhante. Sabe lá se há 12 mil anos não havia gelo nesses lugares.

Em Montenegro, montanhas altas e em tons pálidos descem abruptamente até encontrar as águas cristalinas da baía. O cenário é de uma paz celestial.


                                                Fiorde da Baía de Kotor, Montenegro.

No meio dessa tranquilidade pequenos povoados surgem ao longo do caminho. Um deles é Perast, com apenas 400 habitantes e 16 igrejas (quase todas do final do século XII). Bem em frente a Perast, duas ilhotas chamam atenção: Ilha de São Jorge (com um monastério beneditino) e Ilha de Pedra (com a igreja de Nossa Senhora do Lago).


                           Ilha de São Jorge e Ilha de Pedra lado a lado, em frente a Perast.


A Ilha de Pedra abriga a igreja de Nossa Senhora do Lago. Reza a lenda que foi construída artificialmente por pescadores, no século XV, para pagar uma promessa


                     Ilha de São Jorge com seu monastério beneditino cercado por ciprestes.


                                                                         Perast, Montenegro.


KOTOR, PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE

Alguns quilômetros adiante de Perast surge Kotor. A cidade fortificada foi amor à primeira vista. Puro charme! Às margens do mar Adriático, ela se esconde entre muralhas imponentes desenhadas em forma triangular. Lá dentro, carros não circulam. Os turistas se deleitam com a arquitetura medieval muito bem preservada. Na Idade Média, Kotor era um importante porto na costa montenegrina. Com isso, o comércio e a arte tiveram grande impulso na região. E, foi exatamente pelo reconhecimento histórico e cultural que a Unesco classificou Kotor como Patrimônio da Humanidade. 


Muralhas em formato triangular protegem a cidade medieval de Kotor, Montenegro.

Pelas ruas da cidade há muitos prédios antigos, palácios, fortificações e igrejas. São 14 igrejas e monastérios, alguns apenas marcados por ruínas; 9 palácios e 3 portões de entrada. A maior parte está fechada para visitas. Mas, isso não importa. O que vale é se perder pelos becos e ruelas, observar as fachadas de pedras, sentar para tomar um café, degustar uma bela taça de vinho, provar o famoso presunto cru montenegrino, almoçar ou jantar num dos tantos restaurantes da cidade antiga. Afinal, há uma forte influência veneziana na cidade que pertenceu a Serenissima Republica di Venezia por quase 300 anos.


            A Catedral de St. Tryphon é o ponto de maior destaque no centro de Kotor.


                                  O Portão do Rio é um dos três portões de acesso à Kotor.

                        
     As ruelas de Kotor são bem menos movimentadas do que as da vizinha Dubrovnik.

                    
  As ruelas de Kotor são bem menos movimentadas do que as da vizinha Dubrovnik.


                                                Igreja de São Lucas com um grupo de turistas.

Mas, não basta observar a cidade apenas ao nível do mar. Estando em Kotor é preciso subir ao topo da muralha que serpenteia o Monte St. Ivan e chegar a 1200 metros de altura para ter uma vista deslumbrante da Baía de Kotor. E sabe como? Não é de teleférico nem de bondinho. É subindo a pé mesmo por uma escadaria de pedras de nada mais nada menos do que 1350 degraus. Essa proeza exige bom preparo físico. É para os fortes. Especialmente, no calor do verão. O valor do ingresso para a subida é 3 euros. A escadaria é escorregadia e bastante íngreme. Realmente, cansativa. Além disso, ainda dei de cara com uma cobra no meio do caminho. Vale a pena tomar cuidado.


                Tentando chegar ao topo do Monte St Ivan, pelas muralhas de Kotor.

A cidade ganhou a proteção de muralhas e fortalezas no século XV devido aos constantes ataques do Império Otomano. Um terremoto ocorrido em 1979 foi o causador dos estragos que hoje se vê em alguns trechos.


                                                         Muralhas de Kotor, Montenegro.

No meio do caminho vale dar uma parada (para descansar um pouquinho) na Igrejinha Nossa Senhora da Saúde, também chamada - acertadamente - de Nossa Senhora do Descanso. Ela fica no degrau de número 520 e a vista dali já é compensadora. Nem se importe se não conseguir subir até o topo, pouca coisa muda dali pra frente. Na verdade, a cidade vai ficando cada vez menor.


                          Interior da Igreja Nossa Senhora  da Saúde, em Kotor (Montenegro).


                                          Igreja Nossa Senhora da Saúde e a Baía de Kotor.


                                                Vale o esforço da subida. O visual é lindo!

INFORMAÇÕES IMPORTANTES

Línguas oficiais: montenegrino e sérvio. Em algumas regiões o italiano e o albanês também são falados. Com inglês dá para se comunicar sem problemas.

Moeda: interessante que eles usam o euro, mesmo sem pertencer a União Europeia. Lançaram sua candidatura em 2008, para fazer parte da UE, mas ainda aguardam a resposta final.

Fuso horário: + 4 horas em relação do Brasil.

População: em torno de 700 mil habitantes

Território: ao redor de 14.000 quilômetros quadrados.

Capital: Podgorica

Quando ir: maio, junho, setembro para aproveitar os meses mais quentes e sem muitos turistas. Julho e agosto lotam de europeus que já descobriram Montenegro.

Onde ficar: amei o hotel Aman de Sv. Stefan. Maravilhoso!


                                             Baía de Kotor, Montenegro, uma belíssima descoberta!

claudia@viajarpelomundo.com
BlogViajarPeloMundo
Por Claudia Liechavicius


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